sexta-feira, 20 de junho de 2008

Essa vida de pobre chique


Mas um episódio da minha pobreza em alto estilo. Porque eu nao mato cachorro a grito, mato cachorro a ópera.


Estava na Suiça (bibas, moooooooooorram de inveja. Mas mooooooooorram agora, porque depois vao é morrer de rir da minha cara), indo de trem de Zurich a Geneve. Sim, os suiços sao pontualissimos. Sim, eu sou o oposto. Sim, quase perdi o trem.


Bom, entrei no trem toda esbaforida, jeans, bota de mochilera, i.e., furo básico no calcanhar e toda gasta de tanto uso (ok, o que eu esperava por uma bota de 12 contos?), blusa amassada a la-porque-raios-passar-roupa-se-vou-socar-na-mochila e cabelo desgrenhado e umas tres sacolas de plástico, bem farofeira, com água, sanduba, essas coisas. Busquei um assento.

Olhei a minha volta, que delicia, ar condicionado, fresquinho, alguns homens-executivos abrindo seus laptops. Terno e gravata, que chique. A viagem vai ser ótima, pensei.

Passados 30 minutos comecei a me aburrir. Ninguém falava nada, um silencio enorme, se eu quisesse abrir uma bala capaz de me expulsarem do trem por poluiçao sonora. Tudo bem que os suiços sao educados, mas ninguem fala, ninguem escuta musica, ninguem tem uma melekinha no nariz que faz espirrar?

Eis que surge o tiozinho pedindo pelos bilhetes. Eu estou num assento com um executivo ao meu lado e dois outros engravatados em frente, me mirando. O tiozinho olha meu bilhete, olha minha cara, abre um sorriso e diz, em meio a todo o silêncio que havia no vagao inteiro:

"-voce esta na primeira classe mas seu bilhete é da classe economica. Quer pagar a diferença ou mudar de cabine?"

Só faltou dizer, SUA POBRE.


Rabinho entre as pernas, vazei né.